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CLDF / POLÍTICOS DO DF

CLDF aprova auxílio financeiro a órfãos do feminicídio

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Foto: Pixbay

O projeto de lei nº 549/2023 cria o programa Acolher Eles e Elas

No Distrito Federal, em apenas oito meses, 24 mulheres foram vítimas de feminicídio. Para além do luto, muitas dessas famílias enfrentam, ainda, a pobreza. Como forma de oferecer assistência financeira aos filhos dessas mulheres, a Câmara Legislativa aprovou, nesta terça-feira (22), o projeto de lei nº 549/2023, que cria o programa Acolher Eles e Elas.

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O texto, encaminhado pelo Executivo no último 16 de agosto, foi apreciado pela CLDF em caráter de urgência, tendo sido aprovado em dois turnos e redação final na sessão de hoje. Todos os 23 deputados presentes em plenário votaram favoravelmente à matéria, que segue para a sanção do governador Ibaneis Rocha.

O PL prevê um auxílio financeiro de até um salário mínimo – o equivalente hoje a R$ 1.320 – por criança ou adolescente, de acordo com a disponibilidade orçamentária. Para ter acesso ao benefício, é preciso observar os seguintes requisitos: ter ficado órfão em decorrência de feminicídio; ser menor de 18 anos ou estar em situação de vulnerabilidade até os 21 anos; residir no DF por no mínimo dois anos; e comprovar estar em situação de vulnerabilidade econômica.

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Segundo o projeto, o programa Acolher Eles e Elas tem como objetivo suprir necessidades básicas das crianças e adolescentes, como alimentação, moradia, educação, saúde e acesso à cultura e ao lazer.

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Ainda de acordo com o texto, o Poder Executivo deverá regulamentar o programa, estabelecendo os critérios de concessão, valores do auxílio, forma de acompanhamento psicossocial e demais disposições necessárias à sua efetivação.

À proposta do Buriti foi apresentada – e acatada – apenas uma emenda, feita pela relatora do PL na Comissão de Economia, Orçamento e Finanças (CEOF) da Casa, deputada Jaqueline Silva (MDB), com o intuito de dar mais segurança jurídica à execução do projeto e adequá-la à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

“O feminicídio é um problema de saúde pública que traz consequências devastadoras para as famílias das vítimas, em especial para os órfãos”, avaliou Silva ao proferir seu parecer em plenário.

Na Comissão de Direitos Humanos, o projeto foi relatado pelo deputado Fábio Felix (PSOL), que saudou o governo pelo envio do projeto, mas lamentou que não o tenha feito antes. “A CPI do Feminicídio apresentou um programa de assistência aos órfãos. Este projeto chega com dois anos de atraso”, afirmou. “Esse programa não é um benefício, é uma dívida do governo com essas famílias”, completou.

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A deputada Paula Belmonte (Cidadania) fez questão de comentar a proposta: “Em muitos casos de feminicídio, tratam-se de famílias monoparentais. É preciso dar respostas e alternativas reais para os órfãos dessas mulheres”.

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O deputado Thiago Manzoni (PL) foi o relator do projeto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). “Pessoalmente, sou contra políticas assistencialistas. Mas, apesar disso, esse é um projeto que não é só bom, é necessário”, afirmou.

Os deputados Dayse Amarilio (PSB) e Wellington Luiz (MDB) também elogiaram a proposta. “As dificuldades são maiores do que imaginamos”, disse a primeira; e o segundo lamentou: “As crianças ficam, realmente, à deriva”.

Denise Caputo – Agência CLDF

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CLDF / POLÍTICOS DO DF

GDF executou menos de um terço da dotação mínima legal do Fundo da Criança de 2021 a 2024

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GDF executou menos de um terço da dotação mínima legal do Fundo da Criança de 2021 a 2024

Estudo sobre a execução do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente reforça críticas apresentadas em comissão geral na CLDF
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A Constituição Federal do Brasil confere “prioridade absoluta” às crianças e adolescentes. Essa prerrogativa não tem se refletido, contudo, na execução dos recursos do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente do Distrito Federal (FDCA/DF). É o que avaliam os especialistas, conselheiros de direitos, militantes e representantes do Judiciário que participaram de comissão geral, nesta quinta-feira (15/05), no plenário da Câmara Legislativa.

A discussão foi proposta pelo deputado Rogério Morro da Cruz (PRD), presidente da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) da CLDF, com o intuito de avaliar a execução orçamentária do FDCA e seus impactos na implementação de políticas públicas voltadas para a infância e a adolescência. 

“Futuros brilhantes são comprometidos pela falta de oportunidades e pela exposição à violência. O Fundo existe, exatamente, para enfrentar essa realidade”, afirmou Morro da Cruz. “Não podemos nos contentar com sua mera existência no papel, precisamos aprimorar sua capacidade de alcançar quem mais precisa, especialmente nas regiões mais carentes do DF”, completou o distrital, ressaltando que a Lei Orgânica do DF estabelece a destinação mínima de 0,3% da Receita Tributária Líquida do DF para o FDCA.

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Foto: Carolina Curi/ Agência CLDF

Raio-X da execução orçamentária

Estudo realizado pela Unidade de Acompanhamento e Gestão de Informações Orçamentárias, Contas Públicas e Gestão Fiscal (UCO), da Consultoria Técnico-Legislativa da Casa (Conofis), analisou a execução do Fundo entre os anos de 2021 e 2024. Conforme sintetizou a consultora técnico-legislativa Brenda Giordani Fagundes: “O fato de a gente ter uma dotação orçamentária não quer dizer que ela será executada. O percentual de execução do FDCA é, frequentemente, baixo”.

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Em relação ao cumprimento da dotação mínima legal, o estudo demonstra que a dotação autorizada superou a mínima de 2021 a 2023. Já em 2024, a dotação autorizada (R$ 49,1 milhões) ficou R$ 17 milhões abaixo da dotação mínima legal (R$ 66,1 milhões), o que configura descumprimento da Lei Orgânica.

“Ao olharmos a prestação de contas do governo de 2021 a 2023, percebemos que houve suplementação na segunda quinzena de dezembro, justamente para atender a legislação, para atender o mínimo exigido”, apontou Fagundes.

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Dados levantados pela Consultoria Técnico-Legislativa da CLDF revelam ainda que, mesmo que a LODF tenha sido cumprida nos três primeiros anos da análise, a execução das despesas do Fundo não chegou a um terço da dotação mínima legal em todo o período avaliado. O percentual de execução da dotação mínima atingiu 25,3% em 2021; 32,4% em 2022; 20% em 2023, e 29,8% em 2024.

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Foto: Carolina Curi/ Agência CLDF

 

Prioridade absoluta?

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Esses números não surpreendem aqueles que atuam na ponta e que, há anos, cobram o empenho dos recursos financeiros disponíveis. “As dificuldades para a execução do FDCA decorrem da invisibilidade que, até hoje, as crianças sofrem”, avaliou a promotora de Justiça Rosana Maria Queiroz Viegas Pinho e Carvalho, da Promotoria de Defesa da Infância e da Juventude do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios (MPDFT).

“Vou ousar falar: enfrentamos uma questão política também. A baixa execução do Fundo está relacionada a uma ausência de vontade política do GDF, praticamente histórica”, argumentou a promotora. E acrescentou: “Tivemos um retrocesso com a extinção da Secretaria da Criança e do Adolescente. Cadê a prioridade absoluta?”. Ela ainda lamentou a ausência, na comissão geral desta tarde, de representantes da Secretaria de Justiça e Cidadania do DF, pasta responsável pelo FDCA.

O deputado Fábio Felix (PSOL) reforçou a “importância histórica” do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente e considerou que a baixa execução dos recursos “é um sintoma grave da falta de priorização de políticas públicas nessa área”.

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Dificuldades estruturais

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O presidente do Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do Distrito Federal (CDCA/DF), Eduardo Chaves da Silva, falou da responsabilidade de estar à frente do colegiado, o qual deve, entre outras atribuições, fixar critérios de utilização e planos de aplicação do FDCA.

O conselheiro elencou uma série de “dificuldades estruturais” enfrentadas pelo CDCA, como o déficit de servidores que trabalham no Fundo da Criança, leis desatualizadas etc. “A sociedade ainda não abraçou a pauta da infância, há pouco incentivo para o servidor atuar na área”, destacou. Ele defendeu a revisão da legislação que prevê 13 servidores no Conselho: “Precisamos de, pelo menos, 25 para gerir este Fundo”.

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Foto: Carolina Curi/ Agência CLDF

Demandas

Representantes de instituições privadas sem fins lucrativos que desenvolvem projetos para infância e adolescência cobraram a execução de mais recursos, bem como a abertura de editais para a seleção de iniciativas a serem financiadas pelo Fundo. Muitos cobraram a qualificação de servidores para atuarem na área e mais participação social.

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Andrey Nascimento, estagiário do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), reclamou da ausência de crianças e adolescentes no debate de hoje e cobrou a implementação de mais mecanismos de participação juvenil no governo. “Depois de tanta luta, o DF ainda está atrás em participação efetiva”, lamentou.

Por sua vez, a chefe da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Debora de Albuquerque Couto, questionou a possibilidade de utilizar recursos do Fundo para a construção de sede da DPCA – fora dos departamentos de polícia. Em sua opinião, isso poderia ajudar a “humanizar” os atendimentos. De acordo com a delegada, apenas este ano, foram instaurados 205 procedimentos, o que equivale a 41 por mês e a mais de um por dia para ser apurado. 

Leia, na íntegra, o estudo técnico sobre a execução do FDCA

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