ACBJPR-DF-logo-blue80red
ACBJPR-DF-logo-blue80red

POLÍTICA DO BRASIL

Brics: expandir para quem e para qual propósito?

Publicado em

Líderes dos atuais membros do Brics reunidos na África do Sul: Lula, Xi Jinping (China), Cyril Ramaphosa (África do Sul), Narendra Modi (Índia) e Sergey Lavrov (ministro de relações exteriores da Rússia) – (crédito: Ricardo Stuckert/Presidência)

A agenda da expansão foi liderada, sobretudo, pela China e pela Rússia, evidenciando a influência dos dois países no bloco

MARIA FERNÁNDEZ

A 15ª Cúpula do Brics, acrônimo para grupo de países que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, chegou ao fim na quinta-feira, 24 de agosto, com a decisão de convidar Argentina, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Irã para se tornarem membros plenos do agrupamento a partir de 1º de janeiro de 2024. O fato de a Cúpula ter sido realizada na África do Sul ofereceu um terreno simbólico para expansão tendo em vista que a África do Sul foi a primeira beneficiária da expansão em 2011.

Advertisement

A agenda da expansão foi liderada, sobretudo, pela China e pela Rússia, evidenciando a influência dos dois países no bloco. O propósito central da expansão foi de ordem geopolítica e qualquer entendimento se revela incompleto sem levar em conta a guerra na Ucrânia. Apesar de ser um tema evitado pelo agrupamento tendo em vista que a Rússia, potência invasora, é um dos membros do Brics, a guerra na Ucrânia vem funcionando como uma agenda invisível.

Afinal, a guerra na Ucrânia não apenas vem contribuindo para o crescente isolamento internacional da Rússia como vem colocando combustível nas tensões entre Estados Unidos e China, que já vinham sendo imaginadas como resultando numa nova versão da Guerra Fria. Diante de tal cenário, ambos os países apostaram na expansão como uma forma de atrair aliados geopolíticos do Sul Global em oposição ao Ocidente e, sobretudo, aos Estados Unidos.

Leia Também:  Governo Federal confirma tarifa zero de importação para alimentos

O fato de 23 países terem manifestado interesse em se juntar ao agrupamento, seja por razões econômicas ou ideológicas, vem revelando o capital político do Brics. Todavia, existiam dúvidas de como ordenar a entrada de novos membros sem que isso comprometesse a tão aclamada “unidade na diversidade” do bloco, além da previsão de que tal ampliação pudesse gerar problemas de coordenação política e dificultar a obtenção de consenso. Temia-se que adicionar novos letras ao acrônimo pudesse ter como efeito a diluição do protagonismo de países como Brasil, Índia e África do Sul, resultando num grande “plus” à exemplo do que havia ocorrido com o G77, grupo de países em desenvolvimento fundado em 1964.

Advertisement

Sabemos, contudo, por experiência em relação às demandas históricas do Brasil de reforma do Conselho de Segurança da ONU, que as justificativas sistematicamente oferecidas pelos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China) para adiar a reforma do órgão, como é o caso daquelas sobre a inviabilidade de angariar consenso com o aumento dos membros permanentes, embora façam sentido, foram mobilizadas para mascarar interesses políticos.

Nesse sentido, o Brasil se viu diante de um dilema. Afinal, não dava para reproduzir o mesmo discurso que ao longo do tempo vem obstaculizando sua inclusão como membro permanente do Conselho de Segurança. Por outro lado, a imposição de quaisquer freios à inclusão de novos membros sinalizaria que os Brics seriam mais do mesmo, ou seja, um clube exclusivista de gigantes econômicos, populacionais e geográficos, distante da autoproclamada família baseada na solidariedade e aberta à diferença.

Leia Também:  Bolsonaro enaltece morte de suspeitos pela Rota em resposta a assassinato de soldado

Virar as costas para novos membros teria um alto custo político uma vez que tal movimento iria contra a própria razão de ser do agrupamento comprometido com a democratização do processo decisório internacional. É importante chamar a atenção para a centralidade dessa agenda para o próprio governo do presidente Lula que entende os Brics como um agente crucial para promoção de um mundo menos desigual e excludente baseado numa ordem multipolar e num sistema de governança inclusivo.

Advertisement

Por outro lado, o presidente Lula entendeu que poderia obter dividendos em relação à expansão do Brics, não apenas devido à incorporação da Argentina, parceiro importante do Brasil na América do Sul, mas também devido à busca de reciprocidade por parte da China e da Rússia que implicaria que tais potências cedessem à pretensão do Brasil de integrar o Conselho de Segurança como um membro permanente. De fato, a Declaração da Cúpula deixou claro o apoio do Brics à reforma do Conselho de Segurança para aumentar a representação dos países em desenvolvimento, incluindo Brasil, Índia e África do Sul.

Embora China e Rússia tenham liderado a agenda da expansão movidas por considerações geopolíticas, o Brasil foi hábil o suficiente em abrir espaço para acomodar suas demandas em meio a um cenário internacional cada vez mais polarizado e enrijecido.

MARIA FERNÁNDEZ, professora do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio e pesquisadora do Brics Policy Center

Advertisement

Tags

Fonte: Correio Brasiliense

COMENTE ABAIXO:
Advertisement

POLÍTICA DO BRASIL

Governo Federal confirma tarifa zero de importação para alimentos

Published

on

A medida aprovada pelo Gecex deve entrar em vigor amanhã (14/03) – Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

Câmara de Comércio Exterior aprova redução a zero do imposto de importação para uma lista de produtos alimentícios. Medida entra em vigor nesta sexta-feira, 14 de março

Advertisement

O Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Camex), órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), decidiu nesta quinta-feira, 13 de março, reduzir a zero as tarifas do imposto de importação de 11 alimentos.

A deliberação integra a medida anunciada no último dia 6 de março, no Palácio do Planalto, pelo vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, em conjunto com os ministérios da Fazenda, da Agricultura e Pecuária, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar e Casa Civil, que impôs a redução a zero do imposto de importação de alimentos, incluindo carnes, sardinha, café torrado, café em grão, azeite de oliva, açúcar, óleo de palma, óleo de girassol, milho, massas e biscoitos. A medida aprovada pelo Gecex deve entrar em vigor amanhã (14/03). A resolução com decisão deve ser publicada ainda nesta quinta-feira no Diário Oficial da União.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva orientou o governo a realizar iniciativas que possam contribuir para o aumento da oferta de alimentos e para a redução dos preços praticados no mercado, ainda que a elevação seja atribuída a fatores climáticos e externos. A decisão do presidente mira proteger especialmente as famílias de baixa renda, que podem destinar até 40% da sua renda à alimentação.

Advertisement

Na avaliação do comitê, em reunião presidida pelo secretário-executivo do MDIC, Márcio Elias Rosa, a redução tarifária poderá permitir a importação dos produtos selecionados a custos menores, aumentando a disponibilidade desses itens no mercado interno, facilitando a aquisição de produtos essenciais na cesta básica nacional, minimizando o risco de desabastecimento e garantindo condições dignas de subsistência à população.

Leia Também:  Câmara homenageia policiais que investigaram chacina de família

Com a maior oferta dos produtos selecionados no Brasil a impostos zerados, a decisão também busca inibir a alta de preços, contribuindo para o cumprimento da meta de inflação (IPCA).

Além disso, o comitê avaliou que a flexibilização tarifária pode ser mais um fator para contribuir com outros objetivos, tais como garantir que eventuais desequilíbrios entre oferta e demanda por razões climáticas, geopolíticas, cambiais, ou oscilações de custo de produção sejam mitigados por importações sem cobrança de Imposto de Importação; ampliar a oferta e previsibilidade aos consumidores, ampliar o poder de compra e contribuir para a segurança alimentar, um pilar fundamental da estabilidade social.

Advertisement

O Gecex decidiu favoravelmente à redução temporária das alíquotas do Imposto de Importação, medida considerada como emergencial e seletiva, focada em produtos críticos para a cesta básica. Adicionalmente, o governo sinaliza que a medida será acompanhada de outras ações estruturantes, preservando a sustentabilidade da cadeia produtiva doméstica.

A decisão incluiu redução do Imposto de Importação seguintes produtos:

» Carnes desossadas de bovinos, congeladas (passou de 10,8% a 0%)

Advertisement

» Café torrado, não descafeinado (exceto café acondicionado em capsulas) (passou de 9% a 0%)

Leia Também:  ‘No STF, não terei nenhum receio e preconceito de receber políticos’, afirma Dino

» Café não torrado, não descafeinado, em grão (passou de 9% a 0%)

» Milho em grão, exceto para semeadura (passou de 7,2% a 0%)

Advertisement

» Outras massas alimentícias, não cozidas, nem recheadas, nem preparadas de outro modo (passou de14,4% a 0%)

» Bolachas e biscoitos (passou de 16,2% a 0%)

» Azeite de oliva (oliveira) extravirgem (passou de 9% a 0%)

Advertisement

» Óleo de girassol, em bruto (passou de 9% a 0%)

» Outros açúcares de cana (passou de 14,4% a 0%)

» Preparações e conservas de sardinhas, inteiros ou em pedaços, exceto peixes picados, de 32% para 0%

Advertisement

Em relação à sardinha, o Gecex estabeleceu zerar a alíquota dentro de uma quota estabelecida de 7,5 mil toneladas.

O comitê também decidiu aumentar a quota do óleo de palma, de 60 mil toneladas para 150 mil toneladas, pelo prazo de 12 meses, com a manutenção da alíquota do Imposto de Importação de 0%.

Fonte: Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República

Advertisement

CONTATOS:
ATENDIMENTO
E-mail: secom.imprensa@presidencia.gov.br
Tel.: (61) 3411-1601/1044

FOTOGRAFIA
E-mail: seaud.secom@presidencia.gov.b
Tel.: (61) 98100-1993 (apenas por mensagem via Whatsapp)

Advertisement
COMENTE ABAIXO:
Continuar lendo

BRASÍLIA

DISTRITO FEDERAL

POLÍTICOS DO DF

POLÍTICOS DO BRASIL

TRÊS PODERES

ENTORNO

MAIS LIDAS DA SEMANA