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Transplantes no DF: a cirurgia que devolve o futuro aos pacientes

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A rede pública de saúde da capital vem se destacando – e com exclusividades no DF: o transplante de pele, por exemplo, é feito apenas no Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Foto: Jhonatan Cantarelle/Agência Saúde-DF

De janeiro a junho de 2025, foram 424 procedimentos, um aumento de quase 4% em relação ao mesmo período do ano passado

Quando o telefone tocou pela oitava vez, Ingrid Aparecida Batista do Carmo, 32, ainda não tinha certeza, mas a sua vida mudaria a partir dali. Um novo fígado chegava. Era o órgão que diminuiria o mal-estar e as limitações, permitindo que o mundo voltasse a ser grande. “Foi um misto de alívio, medo e gratidão. Hoje, vivo uma outra fase. Consigo pensar em fazer uma viagem, voltar a estudar, trabalhar”, conta, cheia de planos.

Em 2021, Ingrid foi diagnosticada com hepatite autoimune e iniciou o tratamento no Hospital Regional de Ceilândia (HRC). Depois de dois anos, a terapia deixou de ser eficaz. “Passei a me sentir muito mal, não conseguia mais trabalhar. Então, fui encaminhada ao Instituto de Cardiologia e Transplantes do Distrito Federal (ICTDF). Logo na primeira consulta os médicos confirmaram que eu precisava de um transplante com urgência. Foi um choque”, lembra.

O transplante veio no final de dezembro de 2024 e o passado foi virando o que deveria ser: memória e não presença. “Todos os dias eu vomitava. Vivia enjoada, sempre amarela, sempre mal. Depois do novo fígado, esses sintomas passaram. A equipe do ICTDF e a minha família fizeram toda a diferença. Sem eles, eu não seria nada. São pessoas iluminadas”, destaca Ingrid.

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Especialistas e pacientes defendem que o sistema de transplantes precisa de consciência coletiva sobre doação. Foto: Jhonatan Cantarelle/Agência Saúde-DF

Transplantes no DF

De janeiro a junho de 2025, a Secretaria de Saúde (SES-DF) realizou 424 transplantes, um aumento de quase 4% em relação ao mesmo período do ano passado. Os procedimentos envolvem órgãos e tecidos (rim, fígado, coração, córneas, pele e medula óssea), executados em unidades como o Hospital de Base (HBDF), Hospital Universitário de Brasília (HUB) e o ICTDF – este último por meio de contrato com a pasta.

A rede pública de saúde da capital vem se destacando – e com exclusividades no DF: o transplante de pele, por exemplo, é feito apenas no Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Já o de medula óssea pediátrico autólogo – no qual são utilizadas células-tronco do próprio paciente – é ofertado no Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB).

Doação

No âmbito do DF, a coordenação das atividades de transplantes é feita pela Central Estadual de Transplantes (CET-DF). Sua atuação abrange tanto a rede pública quanto a particular. Dentre as responsabilidades do setor estão gerenciamento do cadastro de potenciais receptores, recebimento das notificações de morte encefálica, promoção da organização logística da doação e captação estadual e/ou interestadual, bem como a distribuição dos órgãos e/ou tecidos removidos na capital federal.

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Ingrid do Carmo aparece na foto com os pais. Ela recebeu um novo fígado em dezembro de 2024 e acredita que renasceu depois do transplante. Foto: Arquivo pessoal

Nesse lado do processo, há um intenso e sensível trabalho, principalmente das equipes responsáveis pela captação dos órgãos. “O momento mais difícil é a entrevista com a família que perdeu alguém. É um instante de luto, de dor profunda. É preciso equilibrar o que deve ser feito, que é esclarecer a importância da doação, e a sensibilidade para não desrespeitar quem está sofrendo”, explica a chefe do Banco de Órgãos do DF, Isabela Rodrigues, na área há 19 anos.

Apesar da distância ética que impede o contato direto com os receptores, alguns pacientes transplantados procuram a equipe para agradecer. “De vez em quando aparece alguém dizendo que só teve uma chance de viver melhor por causa daquela doação. É emocionante”, diz a gestora.

Especialistas e pacientes, contudo, defendem que o sistema de transplantes precisa de consciência coletiva. “Falta cultura de doação. Às vezes, a pessoa queria doar, mas a família não autoriza porque nunca conversou a respeito. “A gente precisa falar mais sobre o assunto, em casa, com amigos, como quem defende o amor à vida”, afirma Rodrigues.

Para mais informações, contate-nos pelo e-mail: entrevista.saudedf@saude.df.gov.br
Secretaria de Saúde do Distrito Federal | Assessoria de Comunicação

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