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Recomendações da CPI do feminicídio não estão sendo devidamente cumpridas, avalia relator

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Foto: Reprodução/TV Câmara Distrital

Fábio Felix demostrou preocupação com a continuidade dos problemas detectados pela CPI

Audiência pública da Câmara Legislativa, realizada nesta sexta-feira (24) na UniProjeção, Taguatinga, debateu o os encaminhamentos do poder público baseados nas mais de 80 recomendações do relatório da CPI do Feminicídio, concluído em maio de 2021. O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa, deputado Fábio Felix (Psol), relator da CPI, avaliou que as recomendações não estão sendo seguidas de forma adequada: “A gente não tem conseguido avançar no sentido de construção de política pública capaz de promover a prevenção, que é o fundamental”.

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Fábio Felix demostrou preocupação com a continuidade dos problemas detectados pela CPI. “Existe o diagnóstico, existe gente especializada, existe uma sociedade civil combativa que tem se posicionado e atuado em relação ao tema, mas muitos dos encaminhamentos não tem sido tomados da forma adequada e isso tem gerado uma preocupação muito grande”, afirmou. Ele criticou a ausência de representante da Secretaria de Educação na audiência e defendeu um cronograma de reuniões de trabalho com todas as pastas envolvidas no atendimento às mulheres, incluindo as áreas técnicas e de gestão, iniciando pela Secretaria da Mulher.

Para a ativista pelo direito das mulheres, Lúcia Bessa, a luta contra a violência deve ser coletiva: “Cada uma e cada um de nós temos que assumir a responsabilidade de sermos agentes transformadores dessa sociedade que vitimiza mulheres e meninas todos os dias”. Bessa também ressaltou que o Estado tem falhado na proteção às mulheres. “O que nós exigimos é viver livres de toda a violência, de toda opressão, de toda discriminação, de todo racismo, de toda lesbofobia, de todas transfobia, e que vivamos plenamente”, reforçou.

Estudante de direito e coordenadora nacional do Coletivo Juntas, Luisa Valadares disse que a CPI conseguiu “escancarar os dados” e mostrar as falhas do Estado: “O governo Ibaneis consegue ser um compilado de desserviços, de incompetência mesmo no que se refere a nossas vidas”. Ela denunciou a revitimização nos serviços de atendimento e a subnotificação dos casos de feminicídios.

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A promotora de justiça Cíntia Costa da Silva, coordenadora do Núcleo de Gênero do Ministério Público do DF, ressaltou que feminismo não é o contrário do machismo, mas uma luta pela igualdade. “Não se trata de uma briga de mulheres contra homens. Nós estamos aqui numa briga de mulheres que querem que os direitos de mulheres e homens sejam cumpridos”. Sobre os avanços no atendimento às recomendações da CPI, ela relatou que a Secretaria da Mulher está mais bem estruturada e com orçamento; e há uma aproximação de Secretarias por meio da Rede de Proteção às Mulheres.

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Por outro lado, criticou a falta de servidores; a não implantação do protocolo unificado para o atendimento das mulheres, principalmente na Saúde; a falta de pessoal na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher e atraso na inauguração de nova unidade, preferencialmente em Planaltina; e o não funcionamento, há quatro meses, do Conselho dos Direitos da Mulher. “Na verdade, essas recomendações dependem muito mais da boa vontade e do comprometimento dos gestores públicos e dessa consolidação dos fluxos eficientes de proteção à mulher do que de qualquer outra coisa”, enfatizou.

Representante do Levante Feminista Contra o Feminicídio, Cleide de Oliveira Lemos disse que é preciso garantir recursos para os órgãos de acolhimento e proteção às mulheres. “Nós precisamos de um orçamento de gênero para poder ter um enfrentamento ao feminicídio consequente”. Ela chamou atenção para o crescimento do crime contra as mulheres negras e a importância de não deixar que as vítimas sejam esquecidas: “Elas não são só números, foram vidas interrompidas, famílias destroçadas, filhos sem mãe”.

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De acordo com a juíza Fabriziane Figueiredo Zapata, titular do Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra Mulher do Riacho Fundo, foram registradas cerca de 17 mil ocorrências policiais em 2023, sendo que para cada ocorrência normalmente é distribuído um processo de medida protetiva e um inquérito. “É um trabalho imenso. Mas é importante frisar que sistema de justiça como um todo tem se mostrado eficiente”, avaliou. Ela explicou que a justiça trabalha “fomentando a denúncia”, mas que é impossível uma mulher sozinha sair do ciclo de violência. “Muitas escondem porque tem medo e vergonha. O papel da sociedade é muito forte no sentido de acolher, jamais julgar a mulher vítima de violência. A culpa nunca é da mulher. Nunca. Que isso fique bem claro”.

Segundo o coordenador da Câmara Técnica de Monitoramento de Homicídios e Feminicídios da Secretaria de Segurança Pública do DF, Marcelo Zago, o feminicídio costuma ser o último ato de uma série violenta, portanto pode ser evitado: “O importante é que a gente pare essa escalada da violência para que não chegue ao ato final do feminicídio”.

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Ele contou que a Câmara disponibiliza informações importantes para a formulação de políticas públicas e solicitou apoio da sociedade e principalmente da comunidade acadêmica para a análise dos dados. “Nós estudamos todos os casos de feminicídio consumados e tentados desde março de 2015 até hoje. Temos isso tudo mapeado. Desse mapeamento a gente conseguiu tirar vários insights para a construção de políticas públicas mais eficientes”, explicou.

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O subsecretário de Assistência Social da Secretaria de Desenvolvimento Social, Coracy Coelho, afirmou que a pasta está buscando a celeridade na concessão de benefícios eventuais recebidos por mulheres vítimas de violência, conforme recomendação da CPI. Também disse que há previsão de zerar o cadastro reserva do concurso público e realizar um novo certame, bem como de implementar mais dois Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) no DF.

De acordo com a secretária Executiva da Mulher, Jackeline de Aguiar, um dos principais desafios da pasta é integração da rede de proteção e atenção à mulher. Ela também destacou a reestruturação do Observatório do Feminicídio, a nomeação de 66 novos servidores e a abertura de novo concurso com mais 400 vagas para a Secretaria.

Relatório

Instalada em 2019, a CPI do Feminicídio apresentou relatório em maio de 2021 com 80 recomendações aos três poderes do DF, incluindo a aprovação de seis projetos de lei, o fortalecimento da integração da rede de proteção e a criação do Observatório do Feminicídio. A análise de 90 processos judiciais de tentativas (53) e de feminicídios consumados (37) mostrou que nenhuma vítima foi atendida por serviços especializados. Quase a metade (48,6%) estava sob medidas protetivas de urgência e 72% haviam relatado violência pelos mesmos agressores.

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A CPI realizou dez reuniões, quatro audiências e oitivas com a participação de secretários do GDF e especialistas; quatro reuniões da relatoria participativa; 17 diligências na rede de atendimento; além de sete audiências públicas e oitivas com movimentos, organizações e frentes da sociedade civil.

Mario Espinheira – Agência CLDF

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Por 3 votos a 2, Comissão da Saúde aprova Cleber Monteiro para presidência do Iges-DF

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Por 3 votos a 2, Comissão da Saúde aprova Cleber Monteiro para presidência do Iges-DF

Apesar da aprovação, distritais criticaram gestão do instituto e sugeriam melhorias
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Em audiência pública realizada nesta segunda-feira (17), a Comissão de Saúde (CSA) sabatinou Cleber Monteiro Fernandes, indicado pelo GDF para assumir a direção do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF) depois que o antigo diretor, Juracy Cavalcante Lacerda, foi designado para comandar a Secretaria de Saúde (SES/DF).

O nome de Monteiro, que atualmente ocupa a vice-presidência da instituição, foi aprovado pela CSA com votos favoráveis dos deputados Pastor Daniel de Castro (PP), Jorge Vianna (PSD) e do relator da comissão, deputado Martins Machado (Republicanos). A deputada Amarilio (PSB), presidente da comissão, e o deputado Gabriel Magno (PT) votaram contra a indicação do Buriti. Com o aval da CSA, o nome do indicado segue para votação pelo plenário da Casa na Sessão Ordinária desta terça-feira (18).

Por mais de cinco horas, Monteiro respondeu aos questionamentos levantados pelos deputados. A audiência foi acompanhada de perto por associações, conselhos de classe e sindicatos ligados à saúde.

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Capacidade técnica

Um dos pontos de maior destaque foi apresentado pela deputada Dayse Amarilio. A deputada questionou se, mesmo não tendo formação na área da saúde, o indicado teria a expertise necessária para assumir o cargo.”Será que aprovariam a indicação de um profissional de saúde para ser diretor da polícia civil?”, indagou a deputada, referindo-se ao fato de Cleber ser oriundo da Polícia Civil do DF. 

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Em sua defesa, o sabatinado mencionou um conjunto de experiências de gestão em diferentes órgãos públicos – entre elas a de diretor-geral da PCDF – para demonstrar que reúne as aptidões necessária para gerir o instituto e solucionar possíveis crises.

“Como gestor, desenvolvi diversas habilidades que fui melhorando com o tempo. Uma delas é a de gerir pessoas. Fui negociador da polícia, tenho uma qualidade que é montar equipes e cercar-me de pessoas com qualidades de gestão”, ponderou.

Monteiro prometeu uma gestão coparticipativa, com escuta dos usuários do sistema de saúde e amplo debate com os demais diretores do instituto. “A palavra final nunca vai ser exclusivamente minha. Temos uma equipe capacitada e vamos discutir, ouvindo sempre o usuário e o trabalhador que atua na ponta”, declarou.

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O deputado Wellington Luiz (MDB) ratificou a fala de Monteiro, afirmando que, mesmo não sendo graduado na área da saúde, sua capacidade de gestão já foi colocada à prova e validada em todos os lugares onde já passou.

“Quero declarar que sou testemunha da competência, interlocução política e a capacidade técnica em resolver problemas do Cleber. Não é sua formação profissional que vai determinar seus resultados. É sua capacidade de ouvir, sua capacidade técnica, e sua competência”, defendeu o presidente da Casa.

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Contrato

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Outra crítica apresentada está relacionada ao contrato de prestação de serviços entre o Iges e o GDF. Dayse alega que o documento não estaria mais vigente, pois, segundo ela, há uma lei federal que prevê que este tipo de contrato deve ser revisto a cada cinco anos, o que não ocorre desde 2018. Para a deputada, o Iges “está operando na ilegalidade contratual”.

Cleber Monteiro se defendeu afirmando que a vigência do contrato pactuado em 2018 é de 20 anos, e que um eventual descumprimento por parte do instituto não foi questionado judicialmente.

A quantidade de termos aditivos e de apostilamentos inseridos no contrato original também recebeu críticas. Para o deputado Gabriel Magno, a desconfiguração que o documento original vem sofrendo desde 2018 evidencia a franca expansão da abrangência do Iges na rede pública de saúde com a precarização da prestação de serviço.

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“Esta é a 8ª vez que fazemos sabatina a presidente do Iges em seis anos. O que mostra que o modelo não é saudável. O serviço de qualidade para a população que estava previsto no primeiro contrato não foi entregue. O Iges não resolveu o problema da saúde, pelo contrário, agravou”, afirmou Magno.

Atendimento nas unidades

As filas de espera para consultas, exames e tratamentos foram temas de diversas perguntas ao sabatinado. Para membros da comissão, esse problema precisa receber atenção especial do GDF e do Iges. Conforme dado apresentado pela deputada Dayse, há 16.900 pessoas aguardando na fila para consulta com cardiologista. A deputada afirma que as metas pactuadas em contrato devem ser revistas com urgência.

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Outro alvo de crítica pelos distritais é o serviço prestado pela UTI Vida, empresa contratada pelo Iges para o transporte de pacientes por ambulância. O deputado Jorge Vianna lembrou do episódio de tombamento de uma ambulância, ocorrido no último dia 12, para alertar para o “sucateamento dos veículos” que transportam pacientes.

Segundo ele, várias irregularidades já foram identificadas nos veículos da UTI Vida, como motoristas dirigindo sem habilitação e veículos sem condições de rodagem, O deputado cobrou uma ação urgente com relação à verificação, pelo Iges, dos serviços prestados pela empresa terceirizada. “Vocês estão esperando alguém morrer na UTI Vida”? Quais as medidas vão ser tomadas com relação a essa empresa?”, indagou.

A alimentação oferecida para pacientes e servidores também foi duramente criticada por Vianna. O deputado afirmou que esteve recentemente no hospital de Santa Maria em uma visita técnica e apurou que a comida servida na unidade era de baixa qualidade nutricional. “A comida de Santa Maria é terrível. Há uma enorme diferença para a servida no hospital de base, e estão no mesmo grupo”, alegou o deputado.

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Como resposta aos questionamentos, o indicado à presidência do instituto afirmou que está criando uma superintendência de contratos, que vai fiscalizar a prestação dos serviços prestados pelas terceirizadas e garantir que os contratos serão cumpridos. Ele disse ainda que o instituto fez recentemente um novo contrato para fornecimento de alimentação.

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Sobre as filas, Monteiro afirmou que uma de suas primeiras ações será a criação de um complexo regulador, para que seja revisto o modelo de atendimento para que consiga atender regularmente todos os que estão na fila. “Temos que ter ferramentas para promover uma busca ativa dos que estão aguardando na fila, temos que chegar ao paciente”, defendeu.

Distritais divergem

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Apesar de concordar que o Iges precisa melhorar seus serviços prestados, distritais divergiram com relação à aprovação de Cleber Monteiro como novo presidente. Para o deputado Pastor Daniel de Castro (PP), muitas críticas apresentadas tem o intuito de “desgastar o governo”. O deputado lembrou que o governo Ibaneis construiu três hospitais e seye UPAs, e elencou diversas outras marcas positivas da atual gestão. “Com relação ao Iges, vamos fiscalizar de perto, vamos perseguir o êxito e buscar solução”, pontuou.

Vianna apontou que, apesar de não concordar com a existência do Iges, torce para que o futuro presidente, caso tenha seu nome aprovado em Plenário, faça uma excelente gestão. “A saúde do DF precisa disso”, pontuou. Já Martins Machado elogiou a postura de Monteiro de aceitar o convite, o que, para ele, representa uma “missão honrosa”.

Amarilio e Magno, no entanto, afirmaram que, apesar de julgarem excelente o currículo do sabatinado, “não compactuariam” com o que chamaram de “desmonte da saúde pública que vem sendo feito pelo Iges” e desaprovaram sua nomeação.

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Currículo

Monteiro é bacharel em Direito pelo Centro Universitário UDF e possui pós-graduação em Segurança Pública e Defesa Social pela União Pioneira de Integração Social (UPIS). Além disso, especializou-se na Polícia Judiciária pela Escola Superior de Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), acumulando formação acadêmica externa para a área de segurança e gestão pública.

Delegado aposentado da PCDF, Monteiro assumiu a posse do cargo de diretor-geral da instituição em 2009. Sua trajetória na Polícia Civil foi marcada por ações de fortalecimento da segurança pública no Distrito Federal. 

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Ao longo de sua carreira, exerceu diversas funções na administração pública do Distrito Federal.  Atuou como chefe de gabinete do ex-deputado distrital Raimundo Ribeiro, subsecretário de Mobiliário Urbano e Apoio às Cidades do GDF, chefe de gabinete da Administração Regional de Ceilândia, assessor especial da Secretaria de Governo e subsecretário de Patrimônio Imobiliário da Secretaria de Planejamento, Orçamento Administração do GDF.



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