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“Não basta ocupar espaços, precisamos transformá-los”, diz Doutora Jane em solenidade sobre liderança feminina

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“Não basta ocupar espaços, precisamos transformá-los”, diz Doutora Jane em solenidade sobre liderança feminina

Para homenagear e dar visibilidade a mulheres que têm transformado a realidade do Distrito Federal, a Câmara Legislativa realizou, nesta sexta-feira (26), solenidade que debateu a representatividade feminina nos espaços de decisão. A presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher (CDDM), deputada Doutora Jane (Republicanos), dirigiu a reunião e falou sobre os desafios e sacrifícios enfrentados por mulheres em cargos de comando.

Para a deputada, uma das místicas socialmente difundidas que precisa ser combatida é a de que mulheres rivalizam entre si, em especial quanto precisam atingir espaços de poder. A parlamentar argumenta no sentido contrário: “Há muito tempo, estamos mudando essa cultura. Uma mulher empodera outra, no sentido de se ver representada. Precisamos desse sentimento, o da representatividade”, defendeu.

A secretária de Educação do DF, Hélvia Paranaguá, classifica a educação como essencial para a mudança de paradigma e para quebrar preconceitos contra mulheres enraizados socialmente. Ela elencou iniciativas públicas de conscientização sobre a defesa dos direitos das mulheres, como o “Maria da Penha vai à escola”, focado em prevenir e coibir a violência contra a mulher; e o “Mulheres Mil”, que busca a promoção da equidade, igualdade entre sexos, combate à violência contra mulher e acesso à educação, como exemplos de sucesso.

“Acredito que a educação é a semente que transforma destinos. Descobri que liderar é também abrir caminhos para que outras mulheres sigam com confiança e coragem. Celebrar a presença feminina em posição de liderança é celebrar vidas que ousaram desafiar limites e derrubar barreiras que ainda persistem”, declarou a secretária.

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Rinaldo Morelli/ Agência CLDF

Representatividade

Doutora Jane apresentou dados que reforçam a necessidade da busca por uma justa representatividade nos espaços de decisão. Segundo ela, apesar de representarem mais da metade da força de trabalho no Brasil, as mulheres ocupam apenas 32% dos cargos de gestão no país. No serviço público federal, esse número cai para 25% nos postos de alta liderança. No Distrito Federal, embora sejam 67,21% do quadro de servidores, mulheres ocupam 58,2% das funções comissionadas e gratificadas, o que revela que ainda enfrentam barreiras para alcançar posições de comando.

“Embora estejamos presentes em números expressivos, ainda não alcançamos igualdade real nos espaços de decisão. Barreiras históricas e culturais persistem, e precisam ser superadas. Queremos mais oportunidade, visibilidade e reconhecimento. Não basta ocupar espaços, precisamos transformá-los”, defende a distrital.

Outro dado histórico que demonstra a discrepância entre a representatividade feminina e a masculina foi apresentado pela diretora executiva do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Nilce Costa: apenas uma mulher foi nomeada ministra da educação desde a fundação do MEC, em 1930. “Nós precisamos mudar essa história”, defendeu.

 

Rinaldo Morelli/ Agência CLDF

Os papeis domésticos ainda exercidos majoritariamente por mulheres, como o cuidado com os filhos e com a casa, intensificam o desafio na conquista de postos de liderança, uma vez que elas acumulam suas funções sociais com as da família na maioria das vezes. Essa é a avaliação da representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Lenda Tariana Neves. Para ela, é essencial que a mulher tenha um “compromisso com a liderança” para conseguir conciliar com sucesso as funções exigidas pelo trabalho com as necessidades familiares.

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“A gente lutou para ter espaço no mercado de trabalho, mas não deixamos de carregar nossos fardos. Quantas de nós não chegamos em casa e ainda vamos cuidar dos nossos filhos e a fazeres da casa? Mulheres com seus filhos em seus braços não são menos profissionais que qualquer outra pessoa”, defendeu.

Coordenadora do 1º Núcleo de Mediação e Conciliação do Tribunal de Justiça do DF e Territórios, a magistrada Cristiane Nascimento classifica como “malabarista social” a mulher que se divide entre as múltiplas exigências em casa e fora dela. “Equilibramos trabalho e casa, decisões públicas e afetos privados, pressões institucionais e cuidados íntimos. Liderança exige integralidade”, afirmou.

A solenidade foi marcada pela entrega de moções de louvor às presentes na cerimônia em reconhecimento pelos esforços em pro dos direitos das mulheres. A cerimônia pode ser assistida na íntegra pelo Youtube da CLDF.



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